O
que venho propor aqui é um exercício reflexivo, sustentando por uma pergunta
bastante simples: e se você morresse hoje?
“Eu
morreria, ué!”
Sim,
mas seus sonhos, você conseguiu realizar? Você disse “eu te amo” para a pessoa
certa? Você fez tudo que queria fazer? Você partiria desta vida feliz?
Perguntas
simples, respostas não tão simples assim. Questões para se pensar debaixo do
chuveiro, ou com a cabeça sobre o travesseiro. Na ficção, os fins das histórias
trazem as respostas que buscamos, e na vida real não é diferente. Encare o dia
de hoje como seu fim, e, quem sabe, algumas
coisas se tornem mais claras.
Eu?
Bem, ainda tenho muito que viver. Mal comecei a sonhar meus muitos sonhos. Disse
“eu te amo” com frequência, do meu jeito,
para uma quantidade considerável de pessoas. Calma, não sou um cara promíscuo. Refiro-me
aos meus amigos, amigas e indefinidos. Eles são a única coisa valiosa que
tenho, e não preciso de mais nada para ser feliz. Não fiz tudo o que queria
fazer, mas fiz o que deu, um pouco a cada dia. E sim, eu morreria feliz, mais
feliz do que juguei um dia ser possível. Pobre, desempregado, encalhado e mal
vestido, mas escandalosamente feliz.
Se eu
morresse hoje, muitos ficariam fazendo fofoquinhas pelo Facebook e WathsApp
sobre a causa da minha morte. Alguns chorariam. Poucos sorririam, lembrando-se
de qualquer bom momento que tenham passado ao meu lado. Cremem meu corpo, e
guardem as cinzas até o próximo carnaval, para usar como confete. Façam uma “cerimônia”
de despedida legal, animada, bem humorada e criativa. Sem drama, por favor. Sempre
fui feliz e pouco convencional, então não há porque meu funeral ter cara de
funeral. Se possível, façam um vídeo de homenagem bacana, ao som de qualquer
música do Imagine Dragons, de preferência. Se quiserem insistir em usar uma
música triste, sugiro “I Raise My Cup to Him”, da Anaïs Mitchell. Não usem “Firework”.
É sério. Não é só porque sou fã da Katy Perry que vou querer essa palhaçada na minha despedida. Por fim, desejo ser lembrado como um puta cara bacana, inteligente
e nem um pouco convencido. Vocês podem fazer isso por mim?
Ótimo.
Como
eu já disse lá em cima, ainda tenho muito que viver. Por este motivo, termino o
texto por aqui, e deixo a sugestão: planeje seu próprio funeral. É uma experiência
extremamente libertadora e esclarecedora. Mas não dê mais importância para a
morte do que dá para a vida. Um quarto escuro é apenas um quarto escuro. O fim
da história é apenas o fim da história.